Nas noites ando por corredores úmidos De paredes altas cor de chumbo Odores de vidas sem rumo, sem rima E muito acima de tudo que é imundo
Vagarosamente vão se diluindo vazios Os sons são murmúrios, gemidos no silencio De corpos lívidos deitados no chão frio De vidas de um tempo lento e suspenso
Cada noite é uma mistura de sonhos e medos De um inverno dolorido e sem desejos Eternamente fundo e de um fedor imundo Onde carcaças infestam esta cloaca do mundo
Vagarosamente o silencio me arremata E eu caminho como caminhar fosse um remédio Sobre sangue escuro que lentamente se coagula A me coagular neste encarceramento perpétuo