Bastou um segundo e a noite se encheu de gritos surdos
De palavras ininteligíveis pronunciadas quase a meia voz
De lábios que se moviam, mas não correspondiam ao som
Quem quereria fazer a minha alma tão sofrida e solitária
Que batalha para ser o que é e não o que querem se seja
Seria um feitiço ou uma maldição? Ou seria um pesadelo?
Porque as pessoas procuram mentiras em meio a verdades
Ou ainda só conhecem a verdade em suas próprias ideias
A culpa as faz rigorosas com uns, permissivas com outros
É a amaldiçoada e eterna luta entre o ser e o estar sendo
É a vida na terra do faz de conta onde vale o que parece
Aquilo que seja mais fácil acreditar que a dura realidade
Vida pálida, consumida, alquebrada e escoltada pela dor
Por teorias flagelantes ditadas pelos que não sabem amar
Que te obrigam ao silêncio, pois o querer lhes incomoda
E o mundo fica descolorido e sua presença não é notada
Enquanto derramas lágrimas melancólicas na noite escura
Em meio ao pânico de não encontrar saída desse labirinto
Há tempos que me sinto afogar em um oceano de mágoas
Penso que não estou onde deveria estar, ando em círculos
Resvalando entre viver ou sobreviver em sonhos distantes
Viajando em estradas estéreis margeadas por flores secas
Onde meu sangue é derramado em vão sob o céu sem luar
Porque preferes ver meu coração triste e abatido assim?