Quando o vento da ausência fala do amor que se perdeu
É a dor que se avizinha pela preamar daquele que amou
Quando amor está perdido e se decreta o gris da solidão
Os desvãos da alma acendem o rubi anônimo da angústia
O silêncio dos desamparados bate súbito em nosso peito
E o copo de gim, soda e gelo se estende infinito pela noite
Se delongarmos as dores dessas perdas sob o sol das horas
No fim avançamos solitários rumo ao amanhecer adentro
Amealhando toda a esperança tão possível quanto inútil
A paz somente tem seu retorno quando se aceita a perda
Todo caminho segue o fio da estrada e toda dor é lavável
O desespero não é obrigatório na noite gélida de inverno
Traz lições de ruas antigas de pedras e vozes da infância
É na distância que se repousa o denso destino dos sonhos
Mas o que há de sublime começa à porta de um novo dia
O prazer de viver febril, reside na travessia do abandono