Interpreto a vida
no mesmo palco.
Ando descalço.
Faço e desfaço
nós e laços.
Fecho ciclos.
Corpo e alma
soltam-se
e saltam.
A poesia reflete
os dias no viço
das folhagens.
A energia
do abraço leva-me
além desta casa.
Encontro
alguém?
Às vezes sim,
às vezes não.
No pensamento
sou ave dispersa
no meio de tudo.
O Poeta
O poeta canta
seus amores.
Respira no céu
da manhã lilás.
Vê o que
ninguém
jamais
ouviu
ou viveu.
Um poeta
menino
adormece
na minha
alma
Encantado
entrega-se
à conquista
de afagos.
Embevecido
posso olhá-lo.
Além das águas
desvendo a expressão
dos náufragos.
Escrevo com
lâminas afiadas.
Imagino o corte
da maldade.
...
Saio da cidade
para o campo.
Conto os dias,
conto as horas.
Os anos
são tantos!
Por que
te apavoras?
...
O amor é maior
que o tempo.
Agora teus olhos
são cinzas
guardadas
no mar.
Diz o destino:
Gira a Vida
num álbum
de retratos.
São tantos desenganos
entre coisas perdidas!
A noite passa
fria e deserta.
Procuro
refúgio
nas mãos
que traçam
destinos.
Por um instante
esqueço a vida
em pedaços.
Encantado
O olhar aquece
a idade dos
corpos que marcam
encontros debaixo
das árvores.
Embora exista sombras
num espelho quebrado.
Sou um pássaro
num voo sobre
coisas sagradas.
O sol ilumina
vivências
embaralhadas.
Perco-me
em desejos.
Onde é tudo
ou nada.
A alma
em desalinho
guarda-se.
Deixem-me
no refúgio
dos sonhos
lembrados.
Calmo ou agitado,
atraio a mansidão
na tempestade.
Trajetória
Acumulei sonhos
ao longo do tempo.
Sem rumo,
mergulhei
nas paisagens.
Sou ousado.
Creio em mim mesmo.
Sem medo
de ser e estar
no invisível.
Almejo o que
ainda não foi
experimentado.
Quero viver
no horizonte
que pintei.
Quero ouvir
no espaço
poemas
que escrevi.
Há verdades
no mundo
que criei.
Poemas em ondas deslizam nas águas.