Como se um frio sufocando a respiração
não sabes quem és nem te pronuncias
ante os que te chamam por obstinação
aí, nessa prisão, onde há muito anuncias
em segredo a tua vã, sublime sublevação
que até aos dias de hoje, as cantarias,
se sensíveis, aos ouvidos da premonição,
fossem, nos outros, o que jamais tu dirias,
porque, a envolver-te, há um ruído surdo
um desviar de atenções, que não entendes
e vem, de até quando, o teu grito mudo,
corou as faces da multidão. Assim, contudo
foi a voz da tua razão - a qual tu defendes -,
a dizer ao mundo, como, quando, és tudo.
Jorge Humberto
30/01/2021
Santa-Iria-da-Azóia