nesta clausura
observo
o som do silêncio.
lá fora
a calçada adormecida
corre à igreja fechada
onde mora um vazio recto
sem orações ou milagres.
nem vivalma para se cruzar
com o poste que ilumina
a sua própria solidão!
o sol já cai no horizonte
e a lua chega
sem qualquer importância.
aqui, tão perto, um velho tropeça
na ombreira da porta
que logo se fecha
fechando mais um dia.
o homem deita-se
e envelhece
um pouco mais, só
na sua cama fria
e, sonha, talvez
que nasceu outra vez
parece ouvir-se ao longe
o borbulhar de um rio
que chama....
(uma folha de jornal rodopia no ar
anunciando que a morte passou ali)