Você quer tapar os ouvidos para não ouvir os meus brados
Não sou como você pensa
Não pode considerar o meu estado como deplorável
Você não sabe porque estou aqui
Você não conhece minha vida.
Eu ouço o barulho das ruas!
Eu vejo as misérias nas calçadas
Eu sinto o odor dos becos.
Não sabes tu o que a vida lhe reserva
Não conheces o dia futuro
Nem tens a revelação do que te poderás acontecer.
Empinas o nariz e te achas o tal
Que menospreza o teu próximo.
Dizes-te cristão mas não repartes o teu pão
E passas de largo
Não queres enxergar as misérias das ruas.
Olhas para mim com olhar de desprezo
Como se não existisse em mim uma alma.
Sabes a cor do sangue que corres em minhas veias?
Será diferente do teu?
Ouça-me!
Atentes-te ao meu brado
Ouça o meu protesto.
Estou na rua por causa das injustiças
Da corrupção, da ganância
De governos inescrupulosos.
Estou na rua.
Mas, não sou menor do que qualquer outro ser humano.
Apenas estou na rua.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense