Não cabe a mim julgar o que passa em seu coração
Eu nunca saberia mesmo
Nem mesmo a dor que sinto em mim eu poderia definir
Apenas os deuses teria tal poder
Nas noites de estrelas envoltas pelas nuvens.
Vivo em prisões desde então
Em correntes fortificadas pelas lágrimas dos inocentes que morreram
Na caminhada silenciosa do infinito.
Você pode andar livremente entre as flores
Pode ver as borboletas que voam pelo jardim
E sentir o aroma das rosas
Mesmo assim não poderá ver a solidez do coração distante de ti
Do coração que foi dilacerado pela soberba
Pela altivez de uma alma que não conseguiu resistir ao sentimento
E se foi pelo caminho da escuridão.
Sorrisos dissolutos podem ser vistos ao longe
Nos passos lentos de um peregrino sem direção
De alguém que buscava apenas um lugar para descansar
E esquecer as noites perturbadoras que estivera preso
Sem poder fechar os olhos nem por um minuto.
Mefisto furou-lhe os olhos com longas agulhas
E sussurrava terrores em seus ouvidos quando queria dormir
Os pesadelos não cessaram nem mesmo ao meio dia
Quando o sol crepitava a pino na abóbada celeste
E dançava alegremente a dança macabra da solidão.
A donzela tentou arrastar-se velozmente entre os arbustos
Na tentativa vã de esconder-se dos roubadores de almas
E guardar a sua inocência para dias futuros que havia sonhado
Mas que não poderia vivê-los
Sem ouvir os gritos de desesperos dos pequenos insetos
E dos grandes animais na floresta.
Não poderia me libertar das correntes e dos desejos sombrios
Que circundavam os meus pensamentos
E você podia andar livremente entre as flores
Ouvindo os cânticos das crianças fazendo roda
E soltando pipas sem parar de olhar para o azul-celeste.
Esconda-me o seu sorriso e siga sua jornada
Nada mais importa agora
Que você pode andar livremente entre as flores.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense