Longe, numa rosa vermelha,
Vejo padecer de dor uma abelha
Envenenada pelo próprio ferrão.
Indiferente ao acontecido, o Zangão
Vai a procura de abrigo, noutra direção,
Buscando outra colmeia abaixo da telha.
Ali mesmo uma borboleta solta centelha
Quando sua língua alongada toca a calha
Da nova casa confeccionada no último verão.
Então eu concheio minha mão na orelha
E fico atento, prestando muito atenção
Quando vem o Dragão devorando a Ovelha.
Deixo franzida a minha espessa sobrancelha.
Queria uma lança afiada no coração canalha.
Armas e dedos em riste para a próxima batalha.
Fico a assistir ao espetáculo diário dos bichos.
Um campo de batatas não mata toda nossa fome
Lembrando Hobbes: *"O homem é o lobo do homem."
Gyl Ferrys