O FAZER DE ALGUNS
Alguns dentre nós moldam o ferro,
E dele fazem surgir esculturas.
Por vezes vergam o pinho,
E fazem brotar amuletos.
Outros há que se apossam, de variadas matérias.
Edificam templários ou casebres,
Lapidam jóias ou feitiços,
Ardem no frio ou no fogo, sua humana semeadura.
A mim, dentre alguns,
Coube-me outra quimera:
A de esculpir o sentir,
Numa árdua arquitetura:
- Não me aprendi estrada reta,
Fui-me pontes carregadas de atalhos.
Enxerguei partidas, mais cedo que pulsar chegadas.
Vejo-me assim:
Do afeto sou inteiro ou recomeço.
E só o sentir construído, como a palavra viva, me afaga.
Carlos Daniel Dojja