Lembro dos dias da infância onde aprendi sobre a resistência
Aprendi calar a fórceps com as ameaças diárias de minha mãe
O mundo nos adjudica a todo momento lições a compreender
E meu aprendizado não veio das surras, flagelos ou dos gritos
Veio dessa experiência informal de querer ser-lhe o contrário
Para não ser-lhe igual. Sei que vezes é preciso ter pulso firme
Mas sem tomar isso no mais rigoroso e frio sentido da palavra
Eu menino, deixei de acreditar no amor e fui tolhido pela raiz
Tudo isso teve seu custo, deixou fragmentos perdidos em mim
Mas só agora aquilo que nunca foi e nem o será jamais, me dói
E constitui-se uma realidade de forças primitivas para dominar
Concepções vãs que terão de ser constantemente arrancadas
Diametralmente diferentes daquilo que entendem os filósofos
Meus abstraídos versos neste poema sobre a cidade que dorme
São tal a catarse metafísica, como o frágil véu que nos separa
Daqueles uns que vivem da malquerença só a vedar e a proibir
Este meu poema se faz repleto de desconcertante estranheza
É a resposta de uma criança que iniciou uma guerra já perdida
E nunca soube o porquê de nada, mas um carretel de mentiras
Tendo lhe sido roubado o calor mágico que irrigaria a fantasia