Conta-se uma incrível história
De tempos imemoriais da cidade
Onde ruas foram feitas de cabeças.
Conto-vos, melhor a narrativa
De uma época tão singular
Para que ninguém dela se esqueça.
Antes mesmo de haver asfalto
Quando a poeira era normal
Nas tardes da seca estação.
Difícil trafegar nas terras arenosas
E cascalho também faltava
Que pudesse cobrir o chão.
Quando chegava a época das chuvas
Tudo alagava como um pântano
E tornava-se um grande lamaçal.
Não havia nenhum calçamento
Nas ruas estreitas de nossa vila
A princesinha do nosso Pantanal.
Para preencher os buracos das ruas
Crânios de bovinos eram improvisados
Para as poças de águas e lama tapar.
As cabeças de animais abatidos
Nas redondezas da cidade para consumo
Tornava-se o meio seguro para caminhar.
Quem percorre as ruas do espaço central
E trafegue sobre os paralelepípedos
Saiba você e nunca se esqueça.
Que um dia a nossa cidade bicentenária
Teve seus logradouros cobertos de crânios
E a singular rua das cabeças.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense