Amor meu!.
Desisto! Desisto porque não posso mais viver na ilusão de um amor que não existe. Esperei por ti noites sem fim enrolada em lençóis gelados, tremendo de medo na escuridão. A luz que me iluminava era tão só o luar onde imaginava a esperança do instante em que regressavas. Não sabia de onde vinhas, mas vinhas. Quando chegavas pela madrugada dentro, só o gelo da tua ausência permanecia. Eu, ora cansada, ora desejosa de te ter a meu lado aceitava-te e amava-te, amava-te perdidamente. Em cada dia renovava a esperança no nosso amor que revestia a minha alma de alegria, onde permanecia e encontrava a força que me fazia acreditar em ti.
As flores que me oferecias eram a semente de uma ilusão, que plantava em cada vaso, que regava diariamente com as lágrimas da tua ausência.
Era tudo ilusão…
Os teus sentimentos por mim eram como uma brisa que soprava quando te aproximavas de mim. No regresso, eu era apenas a pedra da calçada que pisavas e te permitia alcançar o recanto do amor que tenho por ti. Nada mais.
Os lugares que juntos calcorreamos nesses loucos desejos, nada te dizem, sei agora.
Vivi durante estes anos na ilusão da tua ausência, na ilusão do teu amor. Repetias que estavas a mudar, repetias que irias mudar. Realmente, tu mudaste, para pior.
Decifrei nesta ilusão que tudo não foi senão um sonho, que só estava semeado em mim. Que cresceu, viveu e morrerá em mim.
Os meus loucos desejos foram só meus. O calor do meu corpo no teu, era só meu. Os sentimentos que vivi contigo, foram um devaneio que nunca me passará, mas que farei desaparecer das minhas noites geladas.
Os lençóis continuarão gelados sem ti, mas sem a tua ausência porque não fazes parte deles.
JJG
24/04/2016