Falta alguma coisa no Brasil
depois da noite de Sexta-feira
Falta aquele homem no escritório
a tirar da máquina elétrica
o destino dos seres,
a explicação antiga da terra.
Falta uma tristeza de menino bom
caminhando entre adultos
na esperança da justiça
que tarda - como tarda!
a clarear o mundo.
Falta um boné, aquele jeito manso,
aquela ternura contida, óleo
a derramar-se lentamente,
falta o casal passeando no trigal.
Falta um solo de clarineta.
Carlos Drummond de Andrade foi amigo de Érico Veríssimo e, quando este passou para um outro plano, em 1975, Drummond escreveu este poema, simples e comovente, dedicado ao amigo que partira.
Érico escrevia "Solo de clarineta", quando faleceu, em 1975.
French Quarter Wall Art - Painting - Royal Balconies by Dianne Parks.