Estranho mundo este
onde a luta cessou.
Se ainda te não perdeste
se a força te não findou
o auto-respeito existe
e tens ganas para mudar
leis, persiste
como a dor é de teimar.
Não questiones o sentido
nem o que daí advém
na guerra tudo é perdido
quem mal está e se diz bem.
Olha, a vida já a tens.
A morte, de há muito te veste.
Independente dos bens
a ré é a personagem terrestre
aleijada, imperfeita.
Busca então a pergunta:
que contribuição, a ser feita?
Essa, ó glória, a tua luta.
Vamos na vida como um relógio
e se corre a vaidade
a todos o verso no necrológio
não é assim menos verdade.
Mas, se ditam vozes exaltadas
a vida, o sangrar
não admira as queiram caladas
com mordaça para não gritar
pró déspota governar.
Assim, ao dizeres “eu”
nunca mais te farão calar
ao exigires o direito “teu”.
Jorge Humberto
12/12/20
Santa-Iria-da-Azóia