ONZE DE DEZEMBRO
Lidar com o desamor é ruim,
que nem roçar um beco com enxada cega!
Deixar de gostar é revirar o coração, uma desnatureza
confusa e doentia: Não querer quem tanto se quis.
Sempre dar um passo para frente
em direção ao novo e, logo após, um tropeço.
A gente cai no chão de mal jeito
e fica parado olhando o futuro que não vem
e o passado que não passa.
A gente fica.
Às vezes acontece de topar com o outro e é estranho:
A amada distanciada se torna nada. Sua presença
nega o amor que dói na saudade da solidão.
Não. Não. Não.
Não é nada mais em nunca nem ninguém.
Não há tempo nem espaço no desencontro. Já deu!
Resta apenas a armadilha de se acostumar ao vazio
e desejar que acabe o fim.
Aqui não se diz que o copo está pela metade,
sim que está por meio,
não importa se está meio vazio ou meio cheio,
ou meio a meio...
Importa é ser honesto com os desejos
e admitir que se quer mais ou não.
Se carecer, sirva-se outra dose e até se abra outra garrafa.
Miséria pouca é bobagem, haja vista
que existir é se debruçar sobre o abismo
e dizer não à morte dia após dia.
Acabou? Abra-se outra e outra!
Betim - 2020
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.