Meu peito dói nessa insana insônia, de um peso intoxicante
Seria ópio ou cicuta que porventura me teria sido oferecida
Seria a proximidade do abismo que separa das verdes matas
Sabendo que a flor está sobre a relva, logo adiante, no chão
Por mais que eu aspire ao dom da sorte, a solidão me segue
A febre, o desengano e a pena de viver sendo pobre mortal
Falta-me a cor de teus lábios a brilhar para me saciar a sede
Que falta me faz sorver um lento gole de vinho refrescante
Embriagar-me até chegar ao nada, dissolver-me até esquecer
Mas em verdade não aprenderei jamais, vou amando de novo
A mente hesita, mas o peito voa nas asas invisíveis da poesia
Onde se ouve o canto que abre janelas encantadas ao perigo
Logo terei contigo minha fada estelar a noite é suave e linda
Sinto a seiva que perfuma o bosque e suas árvores selvagens
Onde fugirei contigo entre a brisa, em meio ao musgo verde
É a estação das madressilvas e das violetas a viver tão breve
A fantasia é um véu feito de ilusão e sonhar é o meu ofício
Devo partir, minha musa me espera a música não pode parar