Uma aluvião de incógnitas se move destro em minha mente
Fomenta ideias fugazes perpétuas e suas hipóteses à deriva
Pelas voltas de meu cérebro espiritado nestes dias em Virgo
Nas lembranças do remoto cantar azul do pássaro de outrora
Em transe ou transitante como um gravitante bumerangue
Levando meu olhar efêmero às possibilidades do mediato
Abre-se a névoa a suavizar os vértices e suas reverberações
Volto por caminhos que lindam aqueles de remota infância.
Visto a máscara da espera para aguardar os acontecimentos
Sou meu sósia a habitar meu corpo como um acólito da vida
Ou um hóspede desertor que bandeou do real para o poema
Precoces conceitos definem os caminhos a serem seguidos
São terríveis as escolhas nestes tempos de desencantamento
A angústia adere às irrespondidas perguntas, ocas e voláteis
Só me restando como mimo ou deleite estes versos sem rima
Para desmistificar os sentimentos ausentes ou inencontráveis
Sei que dei de mim e esse dar encontrou um vazio infecundo
De gente sem fé, de papel sem pauta, de noites sem amantes
Eu ainda canto por dunas desertas pois sonhar é minha sina
Mesmo sabendo, e como sei, que os sonhos são tão voláteis
Inserto num cosmos gris de noctívagas conjecturas dislates
Aguardo o dia, sempre insone, que a resposta chegue clara
Livre dos musgos das aparências e das plumas das alegorias
Simples, leve, alicerçada na verdade, no silêncio e no amor.