SERÁ ASSIM UM DIA!
Achegou-se a noite, subi as escadas -
leve e subtil sombra negra na parede.
Entrei em casa, fechei porta, estradas;
no quarto o meu gato matava a sede.
Ronronando, caminhando p’la sacada,
aproximou-se de mim; deitou-se na rede
e fitou-me o olhar: afinal, que indagava?
Deitei-me na cama… nada: vede?
O quarto está às escuras, só uma vela
se vê; e o corpo cansado sente
a subtil aragem, que perpassa pela janela.
O sono acerca-se, tapo a bambinela.
Puxo a coberta para mim… sentir-me gente…
Gente que é muito – o que vai dentro dela.
Jorge Humberto
29/11/20
Santa-Iria-da-Azóia