Tempos modernos

Meu caro Zé Carioca, nós escrevemos porque conhecemos nossa língua, que é rica e maravilhosa. Nossos poemas retratam imagens, pessoas e sentimentos e o fazemos assim porque conhecemos a língua, temos vocabulário bastante.
Não somos melhores que ninguém, mas há quem escreva e quem não.
No direito vejo o mesmo: há quem o seja e quem não.
O debate é importantíssimo, você tem razão. Grato.

Com certeza há alguns exageros, mas certos julgamentos e petições vão além das considerações e conclusões normais. O direito se funda em conceitos complexos muitas das vezes. Não é como dizer uma história corriqueira, contar que um garoto tenha subido numa árvore e desequilibrando caiu, mas ao invés de chorar riu. Para o direito, por vezes importa porque ele subiu, quem deixou, onde era a árvore, se desequilibrou-se por motivos quais, era por causa dele próprio ou por causa da árvore, alguém tentou impedi-lo e por ai vai... Esse é o direito, retirar a circunstância o fará menos valioso, permitirá que a profissão se nivele por baixo. Temo pelo dia que o "Olha bem aí, mano, discordo dessa porra que tu disse aí" venha substituir o "Data maxima venia" discordamos da solução adotada pelo juízo"!

Meu caro, no direito bem como na poesia zeros em qualquer posição tem valor.
Veja que acabaste de confirmar o que digo: Habeas Corpus - Livra o Corpo. Significa aquilo que se pode fazer para exigir que restaure o direito quando uma pessoa está, ou em vias de estar, tolhido de sua liberdade em decorrência de ato ilícito praticado por uma autoridade, onde autoridade é aquele que tem o poder de tolher legalmente o ir e vir dessa mesma pessoa.
Em outras palavras uma autoridade seria o juiz que pode legalmente mandar prender alguém condenado, mas pode em alguma circunstância fazê-lo equivocadamente em relação a um inocente, em favor de quem se impetra o HC (como é usual em Direito).
Percebeste? Uma frase enorme e complexa traduzida por duas palavras que mesmo o leigo já ouviu dizer.
Grato pela sua observação.