Trancar as portas não adianta nada
Nunca adiantou
O vento entra pelas janelas
E as folhas caem pelo chão.
Um dia eu desejei a solidão
Ela simplesmente não me quis
Apenas olhou sorrateira e partiu
Como se eu fosse a tristeza alada.
Serei coração partido
Na manhã do tempo
Onde meus passos foram contados
E proibidos de caminharem.
Nada pode ser tão profundo
Como a incerteza do amanhã
Quando não haverá mais motivos
Para sonhar com aquele sorriso.
Eu até pensei em parar
Não queria mais agir daquela forma
O espantalho foi sacudido
E nem um pássaro ousou violar o lugar.
Havia um silêncio perturbador
Uma voz que sussurrava
Ninguém parecia prestar atenção
Até onde as crianças puderam brincar.
Agora há um silêncio vazio
Nas tardes de uma primavera sombria
Onde os olhos não conseguem ver
A esperança de belos dias.
Serei coração perdido, eu já disse,
Se ninguém ouvir os clamores
Das pessoas que querem a liberdade
E o melhor para a nossa sociedade.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense