eu era Verão. eu não sabia
deixei escoar o sol por entre as sombras
do que pensava ser eternidade.
esqueci as horas, o tempo todo
que pôs um verde morno nos meus rios
enquanto descansava algum cansaço
levada na miragem de navios.
aconteceu-me esta viagem
onde cheguei perdida pela estrada
a este claustro Outono de saudade.
pensava eu ser grande essa avenida
até chegar aqui, nesta estação
onde tudo é poente, quase queda
e triste a vida
sou agora meu sequestro lúcido
no meio do tempo que me empurra
impiedoso. um frio me resolve
e já não sou quem era
quiçá, amanhã direi: eu não sonhei!
voltarei a sê-lo!
após a Primavera.