Um dia você vai ver
A vida não é como os contos de fada.
Quem sabe essa poderia ser a melhor definição
Do que o coração não saberia explicar
Quando vê que o tempo passou
E os sonhos foram desfeitos no alvorecer
Da vida adulta tão desejada.
Gosto de procurar coisas que ninguém pega
Sonhos que nunca foram sonhados
Mas, quais são os sonhos que nunca foram sonhados?
Ser feliz não é tudo isso
É acalentar a esperança que vi naquele olhar
Que passou por mim uma única vez na vida.
Aquela imagem que ficou impregnada no meu coração
O mistério que havia naqueles olhos
E o perfume que sinto até hoje entrar em minhas narinas
Quando eu brincava com as borboletas.
Como poderia explicar tão singular emoção?
Você a viu realmente?
Ah! Eu a vi sim
Como poderia não tê-la visto?
Você não me conhece, mas eu conheço você
E pode rir de mim se quiser
Não importa.
Apenas eu poderia dizer o que sinto
Se fosse possível descrever o sentimento.
Sabe o que acontece com os intrometidos?
Imagine você
Um dia, e isso pode acontecer,
Vou chamar você para voar até o horizonte
Talvez iremos precisar de um barco maior
Ou poderemos usar as asas da imaginação.
Algumas perguntas têm respostas e outras não
E eu tenho quase certeza
De que um dia vai chover de verdade
Se não for assim
Não haverá liberdade, nem lembranças
O homem não morre nem enlouquece, ele sofre.
E do outro lado da memória
O tempo parece insólito, imóvel e insensível
E a noite dissolve os meus pensamentos
Já não tenho lembranças de nada
Mas deixo aqui o meu desejo de continuar a sonhar
Chega um tempo em que é preciso voltar
Por isso a minha poesia vem dizer
Que eu também já fui poeta.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense