Justo era um homem simples,
tipicamente do campo,
jeito pacato e bom de prosa
Quando falava prendia atenção
os olhos pequeninos saltavam
da órbita como cometas
Justo era um homem bondoso
quase nada tinha, era pura
generosidade com alegria
Quando um dia não se via
a doce figura chegar à Vila
os camaradas silenciaram
Justo caído junto a porteira
tivera um ataque cardíaco,
enquanto já entardecia
Quando surgiu uma mão
vinda lá não se sabe donde
e cuidou do pobre homem
Justo era assim na terra,
como no céu, já chegou
fazendo Pedro rir, coisa rara
Quando teve licença celeste
tomou expresso asteróide
e apareceu do nada, na vila
Justo não entendia
porque agora o povo fugia
ele com baita saudade
Quando surge, de repente,
um menino que declamou
um de seus velhos poemas
Justo sentou-se ao banco
escorreu lágrimas de luz
e disse que era feliz...
E quando o povo curioso
perdeu o medo, foi chegando
e pedindo pra ele prosear
Justo então sorrindo
hesitou, cantarolou uns versos
junto ao coro de passarinhos
Foi quando o menino disse
Justo está na hora do expresso,
é só um até breve, pessoal...
E lá se foi Justo, ao poente,
estrelas faróis no horizonte,
adentrar o espaço-tempo...
AjAraujo Alberto, escrito em 17/10/2020
Imagem: Vincent Van Gogh, autoretrato.