O amor nos despe das aparências
para reinventar a inocência no mundo
O farol indica o rumo meio a escuridão
de meus pensamentos sem rima
Nas sombras de outrora não há
assombro ergo meus olhos ao horizonte
À sombra do salgueiro na terra, meu
olhar de ave reflete o gume da faca
Eu sou aquele o que concebe os
próprios campos de rosas ou espinhos
Afinal tudo é uma cousa ou loisa e
que vem por temer o esquecimento
Falo e penso, vezes como se morresse
outras como ainda fosse acordar
No meio ao terror informulado que há,
lá ao fundo, à margem dos dias
Porquanto, tudo se ilumina e acenamos,
pois, adeus aos dias inverniços
Inobstante ainda umedeça os lábios com
a língua, já chega a primavera
O tempo não tem mercê e a palavra
calada é como espinho na garganta
Aí a desenho no papel com um quê de
delicadeza e outro de ferocidade
O poema fala do viver, fala da morte,
fala do mar e fala da arte do amar
A terra fica úmida e álgida pelas
alamedas reluzentes sob o céu da noite
Enquanto uma estrela perdida entre
outras milhões lamenta seu destino
Insciente de seu brilho único: Como o
amor me encontrará entre tantas?
Basta de paredes é hora de construir
pontes sobre os rios e ir adiante
Há alguns sorrisos presos dentro de
mim, há mesmo alegrias recônditas
Não há caminhos curtos ou cursos fáceis
tudo é luta e é o que há a fazer
Para escapar da insânia criamos verdades
fictícias e mentiras fidedignas
Não serei profeta do tempo nem gestor
do destino na exatidão do caos
Somente sigo pé no chão fiel a minhas
escolhas esperando a esperança
Transformo a dor em poesia para
sobreviver dia a dia a tantos espinhos
Na energia pulsante da palavra cunhei
este rosa-poema para te oferecer
Como um pássaro reconheço em ti
a única árvore para fazer meu ninho.