Poemas : 

Apocalipse 27

 
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O céu segue coberto de infausto cinza enquanto a tarde se vai
O estilar de chuvas negras há muito habita este árduo parcel
Dos antigos sonhos cativos na luz, só restam remotos signos
Nos galhos secos do arvoredo já não lhe pousam os pássaros
A ausência também se despenha, sorrateira no amargo do fel
No espelho baço da memória que exprime uma réstia de dor
Da ave caída, da paixão esquecida e da solidão que precipita

Não há lembranças a abrigar, que se foram daqui uma a uma
Logo virá o silêncio, as linhas em branco e o espelho partido
E, quando se for o poema, morrer-lhe-á aí o solitário coração
Não haverá remotos vestígios dessa vida que um dia se viveu
Sobrará o tempo de vozes caladas, estremecidas. Desventura.
Chegará enfim ao sono que nenhuma pálpebra poderá ocultar
Sob um sol de mistério, sem azuis celestes e sem alvas nuvens


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Autor
Sergius Dizioli
 
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Enviado por Tópico
Sergius Dizioli
Publicado: 18/08/2021 18:52  Atualizado: 18/08/2021 18:52
Administrador
Usuário desde: 14/08/2018
Localidade: काठमाडौं (Nepal)
Mensagens: 2241
 Re: Apocalipse 27
Este escrito é excerto de outro maior (https://mrsergius.blogspot.com/2017/01/apocalipse-4715.html) onde os números ao lado do nome são indicativos de sua construção: Apocalipse 27 são duas estrofes de sete versos cada.
No original Apocalipse 4715: quatro estrofes de sete versos e uma com cinco.