No começo as novidades pareciam não ter fim; as conversas ao pé do ouvido, o “oi” sempre com um lindo sorriso também parecia não ter fim, um mundo novo só de sonhos se abria só pra mim, sonhos esses que eu queria que nunca terminassem.
Nossa como era bem-apessoada o pegar na sua mão, a carícia nos seus cabelos negros que escorriam pelos ombros, os beijos no seu rosto sempre tímido.
Como eram fabulosas as nossas conversas sobre destino, a vida, o amor, a esperança... Falávamos de tudo, até dos Beatles. Tínhamos esperança que um dia pudemos renascer para a vida, nos nossos encontros. O coração sempre na ansiedade de poder vê-la mais uma vez, pulava como se fosse possivel sair pela boca, como se o encontro fosse na verdade com a primeira namorada, uma união marcada em vidas passadas, para um presente instantâneo.
Mas hoje, esse coração não pula mais, ele aprendeu a esperar os acontecimentos, as duvidas, os medos. As vezes triste, pensativos e sem esperança, outras vezes alegre, cheio de expectativa.
No fim de semana vem outra separação, mas agora isso acontece em corpo e alma. Restam-nos os telefonemas, que medo, que aflição quando o telefone tocava, parecia adolescente para ver quem era, mesmo com todo o risco e pecado, não dávamos importância. Você de lá, eu de cá, e por fim era engano.
As vezes você ligava apressada, as vezes era eu quem ligava apressurado, não tínhamos tempo, éramos vigiados por nossa consciência, muitas vezes maligna; mesmo assim quando você não atendia, o chão se abria e o corpo todo sucumbia em desespero.
No começo o sorriso era sempre sedutores, cheios de malicias e desejos, mas eram de solidão também. Não víamos o tempo passar nos Ministérios quando estávamos juntos, torcíamos para aquele momento nunca ter fim, mas os ônibus funcionais não entendiam nossa paixão e muitas vezes os buzinaço nos alertava para mais um fim de expediente.
Hoje, tudo que não conseguimos ser antes do nosso encontro marcado, será definitivo depois do reencontro que um dia ira acontecer. Assim mais uma vez o destino seguiu seu caminho e nos jogou para um labirinto de silêncio e dor, dos nossos sonhos que não foram realizados, dos nosso desejos que ficaram presos na nossa realidade que não quisemos acreditar.
Por isso hoje vivemos nossa tristeza longe da nossa própria vida, da nossa morte e da nossa partida para um lugar qualquer, mas cheio de sentimentos e paz que um dia poderá ser recompensada no espírito de nosso cansaço e silêncio.
TCintra