Quero poema agudo como garras explicitas de robô
Que invade os templos do dia sem traumas, amiúde
No crispar do cascalho, no calor das tardes úmidas
De quem quer acreditar mais no sim que no talvez
Desnudo-me de meus sonhos ilusórios de alçar voo
Abraço o orvalho como uma prece ao sol escarlate
Na alvorada de meus fantasmas mudos e pontuais
Sempre descompromissados, nada além de memória
É o que resta no instante nunca antes pronunciado
Não há que pensar no medo, seus veios de serpente
Outros vieram antes e se foram por essas amplidões
Os limites de nossa imaginação esfumaçam a mente
Põe os nervos a gritar, resvalando na emoção pura
Acabamos, pois, vivendo os meandros do insofrido