Há noites que me açoita uma febre pelos meandros da tua ausência
Busco detalhes de ti que guardo na memória, entre meu ócio desnudo.
É o meu sangue que se agita pelo coração em festa com tua imagem
Esta ruminante distância se esvai com a solene chegada de tuas coxas
És etérea como as espumas que beijam suavemente a areia e se vão
Imerso no sonho vejo teus seios delicados e igníferos de meu desejo
Em meio a meu transe realizado em plena luz a sorte vem me tatuar
Roubas minha alma num lampejo deixando a tola solidão sepultada
No revoo de ondas desdobradas uma vibração distila em mim renascida
Tua presença ausente é brilho em meio ao todo resto de tédio opaco
Um movimento brota de teus lábios e definitivamente me incandesces
Ah teus lábios, eu os vejo como conchas entreabertas de cetim e pérola
Mesmo tua miragem é seiva viva, é milagre, o fim do pranto, a lucidez.
Mas te queria agora, viva, quente e pronta nesta tarde de primavera.
Porque vives em mim mesmo quando sozinho, no orvalho, sonho por ti.