São terríveis as escolhas nestes tempos de desencantamento
A angústia adere às irrespondidas perguntas, ocas e voláteis
Só me restando como mimo ou deleite estes versos sem rima
Para desmistificar os sentimentos ausentes ou inencontráveis
Sei que dei de mim e esse dar encontrou um vazio infecundo
De gente sem fé, de papel sem pauta, de noites sem amantes
Eu ainda canto por dunas desertas pois sonhar é minha sina
Mesmo sabendo, e como sei, que os sonhos são tão etéreos
Inserto num cosmos gris de noctívagas conjecturas dislates
Aguardo o dia, sempre insone, que a resposta chegue clara
Livre dos musgos das aparências e das plumas das alegorias
Simples, leve, alicerçada na verdade, no silêncio e no amor.