o céu não tinha estrelas
(nunca tem estrelas entre nós)
no ar uma distracção algo dorida
o seu semblante num lugar longe
levado pela correnteza da dúvida
e a culpa, ah, é sempre minha a culpa
como lâmina afiada pronta para
o recorte da paisagem junto ao rio
do nosso (e)terno (des)encontro.
ah hoje não,
esta dor branca como cambraia
que veio comigo
sem ser convidada,
não espere aceitação
não importa de que certezas se veste
essa importância tóxica que carimba
mais um dia, só mais um
que mantém inerte a tua alma
que não espera nunca a minha alma.
teu tempo interior ignora o limite
entre o meu vestido e a tua mão
que abusivamente me invade
(...) e depois me devolve a essa dor
que não quero, não quero
deixo-ta aqui, no pára brisas
da tua, só tua: branca e real ilusão.