As letras e reticências do poema invadem as madrugadas
A vida segue quente ao verão que lhe cresta os caminhos
Sobre o véu tão gris carregam lampejos e ecoam rumores
Mas nada precipita, senão as mesmas lágrimas cotidianas
Que proveem da dor do poeta, na arte de lavrar emoções
Não, as raízes poema não nascem do amor bem-sucedido
Antes, se veste do negrume que nasce na incompreensão
Vem da cegueira intolerante que quer silenciar seu canto
Do egoísmo inadmitido que deseja calar seu lado infantil
O poeta ama? Oh sim, mas devo afirmar recíproca não há
As horas se multiplicam e não lhe trazem qualquer alento
Na melancolia de outrora são inúmeras as páginas viradas
O que hoje é uma infinita ausência, já foi um sonho de luz
Da inspiração da vermelha lua resta apenas esquecimento
Falas faltantes num roteiro inacabado nos teatros da vida
No poema que querem calar, encontrei o esteio à solidão
Meu coração foi ferido e sangrado por palavras tão ferinas
Que sepultaram a paixão, morta para nunca mais ressurgir
Executada sem defesa pelo demônio negro da indiferença
O pesadelo nunca existiu, tu o criaste nos legando a vivê-lo
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