Pássaros sonham
na madrugada.
O Homem
descreve
centenas
de pecados
projetados
no chão.
O Sol devolve cores
furtadas no caos.
Desvio
pensamentos
e palavras
no final
da rua.
Reclamo:
-Está na hora!
-Está na hora!
No travesseiro
sinto teu cheiro.
Entorpecido
me entrego
aos campos
da saudade.
Renasço
em cada
século.
Remendo ciclos.
Não costuro vestidos
com fios de angústia
e lágrimas.
Bordo a alma
com ternuras.
Às vezes sou
um pano
desbotado
e um nó
desfeito
no vento.
Vejo a ponta
da mesma faca
que fere e sangra.
Importa-me
a verdade cênica
no segundo ato?
Acham-me louco?
Descem
as cortinas
do tempo.
Só eu vejo
estrelas.
Tempestades passam
nesta viagem.
Ardem
palavras
sufocadas.
No meio
do caminho
há recomeços
e atalhos.
Ainda espero
cores e traços
de sonhos
desenhados
na alma.
Há-de restar centelhas
de gratidão.
Onde queres
me levar nessas
mãos apertadas?
O que
há nesse
relógio ?
Repito finais.
Deixe-me
acariciar
o vazio.
A Vida é um laço.
Desata-se qual nuvem de abril.
O tempo espia.
Hoje sou nada.
Amanhã serei
a alma que desliza
na mudança
de cenários.
Sonho dentro
de outro sonho.
Eu mesmo
interpreto
Jean Genet.
Poemas em ondas deslizam nas águas.