Passam-se os dias e sinto-me como
se este aqui não fosse o meu lugar
Como se fosse a peça de algum
quebra-cabeça, mas que não sei qual
Talvez um forasteiro, alguém sem
raízes, sem passado e sem história
Quiçá um estrangeiro que não fala
a língua local nem sabe gesticular
Não consigo identificar meus amigos
antigos, os quais sabem de mim
Parece um sonho ruim, que vai
repetindo sem começo e sem fim
Vejo que eles não têm asas e não
querem voar às distâncias comigo
Tampouco querem caminhar entre
a poeira dessa estrada tortuosa
Sigo então no silêncio das horas,
tendo o poema como companhia
A comunicação, muitas vezes, é tão difícil que nós chegamos a acreditar que não pertencemos ao lugar.