As palavras impõem-nos respeito e, se já sentiste isso, não estranhas que te diga que esse poder das palavras é um poder à tua disposição, um grande poder, cujos limites nunca saberemos, porque as palavras mudam de cada vez que tentamos usá-las e não se deixam domar, nem manipular completamente, por mais que tentemos usá-las e, até, fazer delas nossas aliadas.
Mas não devemos intimidar-nos perante elas.
Quanto mais as respeitarmos, mais improvável será que elas nos traiam. Nada disto, porém, pode ser garantido por ti ou pelas palavras.
Temos de admitir que não controlamos tudo, aliás, é mais fácil controlar um automóvel do que conduzir um pensamento ou meras palavras .
Mas não te assustes com o poder das palavras.
Quanto mais as enfrentares, mais realidade descobrirás/construirás, porque elas são portas e janelas e cortinas e mapas dinâmicos que poderás abrir para ver onde tu também te vês a construir, a destruir ou a fazer nada.
Vou falar-te de equacionar.
Quando falamos ou escrevemos, se o fizermos voluntariamente, estaremos a equacionar ou a equalizar.
Equacionar é uma forma de pensar que não se satisfaz com a analogia.
Já pensaste como é raro encontrar duas coisas parecidas? E duas coisas iguais? Até poderíamos afirmar que não há duas coisas iguais, embora tenham as mesmas propriedades.
Equacionar obriga a distinguir o que for distinto, ou, pelo menos, a reconhecer o indistinto como uno.
Então, se tu disseres que A=B, estarás a falar de uma mesma realidade, A ou B, mas não de duas.
Equacionar levanta problemas que não existiam antes de equacionarmos e são problemas, não são fantasias.
Fantasia seria, por exemplo, dizeres que A=B, porque A está diante de um espelho e B é o seu reflexo.
Uma criança ingénua poderia dizer-te que A, diante de um espelho, continuaria a ser um A.