Há um oceano de ingratidões que pairam na atmosfera,
Soluços íngremes tapeiam todas as retas dos sonâmbulos
E eu, amordaçado dentre as nuvens, enumero os ângulos
Por onde paralelas e perpendiculares darão cor à favela.
Há um batalhão de perguntas sem respostas pelo espaço,
Sinistras gargalhadas sorvem o néctar nuclear das horas
E eu sublevo-me perante as “n” estrelas que se enamoram
Pelo diocesano firmamento encarcerado pelo marca-passo.
Há inúmeras vitrines que fazem desfilar a moda sem átrio,
Os vulcões cósmicos lançam lavas de teor quase arbitrário
Sobre as encenações que a metafísica sempre se desfigura...
Há caramanchões líricos diante das trovas que se recitam;
Do mar, veem-se dilapidadas as ondas que estão parasitas
E, na areia, os ventos sopram poeira sobre a vida de usura!
DE Ivan de Oliveira Melo