Nesta primavera com ares de outono
cheia de dias de arrependimentos febris
Minhas palavras despencam cruas sobre
o papel como as folhas enferrujadas
Que desprendem-se ao som dos sinos,
toscas, de seus galhos ao entardecer
Forrando o chão da praça onde restam
apenas meus mais secretos devaneios
Os confins do real vão esmaecendo e se
misturam aos sons da missa das seis
Ah que sina recordar destas memórias
em mares coléricos na noite sem lua
Compor trôpego debruçado sobre estes
versos ermos, feitos de frios rabiscos
Onde estarias tu minha musa para lhes
dar cor e perfume de flores do campo
Onde estarão as crianças das tardes de
domingo com seus sorrisos e fantasias
Saudade incessante de ouvir o som da
chuva na janela com olhos de esperança
Saudade da goiabeira à beira da estrada,
dos abraços, dos gestos, do canto do sabiá.