Roda
Roda
moendo roda
o dia a dia
seguinte, à noite.
Roda
rodando mói
o espaço opaco
aquecido pela angústia.
Roda
redonda corre
estreitos caminhos
de um longo corredor.
Roda
correndo rola
no abismo infindável
da fantasia enganada pela realidade.
Roda,
amargurada roda,
sem vida e sem cor
perdida no desgaste de ilusões.
Roda,
triste rosa,
esquecida num canto qualquer
do mundo colorido de luzes.
Roda,
sempre roda,
nada mais que roda
moendo, rodando redonda,
correndo amargurada, sempre
triste roda.
Alexandre Sansone
Década de 1980