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A tanto tempo, Senhor!

 
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A tanto tempo, Senhor,
Antes que as estrelas brilhassem,
Antes que a escuridão reinasse no universo,
Antes que o ser existisse,
Antes que as memórias registrassem as lembranças,
Antes de tudo o possível
Tu me amaste e me desejaste.

A tanto tempo, Senhor,
Que jamais mentes puderam imaginar,
Quando a ciência nem se esmerava em buscar,
Tu me adotaste, me quiseste,
E me separaste.

Senhor, o seu amor expressa-se
Na exclusividade misteriosa,
Que destes a mim neste imenso universo.

Em criar-nos, homens e mulheres
Para sobrepujarmos as estrelas,
As nebulosas, os buracos negros,
As nuvens de poeiras celestiais, as galáxias.

Enfim, todos os astros fincados
Nas entranhas de sua obra, o Grande Universo,
Para sermos, Senhor, nós, simples humanos,
Seus prediletos adoradores.

A tanto tempo, Senhor
Resolveste transcender o seu habitar
E nos amar, amar tanto
Ao ponto de fazer-se infinitamente
Pequeno como nós, para sentir as nossas dores,
Os nossos sofrimentos e alegrias.

Para caminhar em nossas sinuosas estradas,
Compartilhar dos nossos sentimentos de amizade,
Sofrer a traição e dialogar com os desprezados.

Fazer-se, por amor, tão humano ao ponto
De se submeter ao abandono, na hora da própria morte,
De quem jurara, na pequenez humana,
Momentos antes, dar a vida por ti.

A tanto tempo, Senhor
E por inúmeras vezes estendeste os seus braços
Recebendo-nos de volta com um carinho,
desconcertante para nós,
Por não compreendermos tanto amor.

Senhor, mesmo quando sentimo-nos distantes
E sozinhos, tu esconde-se em nosso coração,
Finca as suas sandálias em nosso interior,
E aguarda paciente e cuidadoso,
O nosso clamor de socorro.

Nesta hora, sorri e nos olha profundo,
De dentro para fora,
Lavando-nos de nossas impurezas e mazelas,
E consolando o nosso choro.

A tanto tempo, Senhor
Nos ama, nos deseja e nos aceita,
Que sabemos que nunca seremos órfãos de ti
E que podemos contar contigo
E nos refugiar em seus ombros.

Senhor, pela nossa pequenez
Fitamos os olhos nos céus estrelados
Deslumbrados com a imensidão das constelações
Que conseguimos alcançar,
E pensamos no privilégio que nos destes
De sermos eternamente os seus protegidos adoradores.

Nesta hora, Senhor, regozijamo-nos pela esperança
De que voltarás aqui, vindo deste infinito céu
E nos resgatará desta impura terra,
Já tão contaminada pela devassidão do pecado,
Para um outro, dentre tantos lugares que criastes
Neste imenso universo.

Lá, então, viveremos uma nova realidade
Em nada comparada com a de cá,
E poderemos para sempre louvar a sua glória,
A sua majestade e infinitude,
Sem mais o incômodo do pecado...

Obrigado Senhor.


Gideon Marinho Gonçalves

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