Gostaria tanto de te pedir aquilo que não posso
Aquilo a que não tenho direito
E que me aflige em horas várias
De matinais a noturnas
De calmaria e de tempestade
De sono e de vigília
De chuva que cai na janela
E de lua que ilumina os montes ao meu redor
Como me é impossível saciar essa vontade
De ser algo mais que uma doce memória diária
Que desaparece em meio ao labor
E a rotina de teu dia, meu poeta
Em meio a tuas paixões diárias
Que me roem por dentro
Em gritos que não devem ser expressados
Senão nestes versos sufocados
Me tornando como o éter que se esvai
Mas deixa no ar seu rastro de aroma
Que entorpece os sentidos
Assim como única solução
Deixo-me cair no profundo sono
Pois aí
No meio de meus sonhos,
Não me negas nada que eu deseje ou precise
E que um dia a vida me tomou
E continua me tomando
Devido ao fato de que a ampulheta do tempo
Virando e revirando
Faz pagar a todos que a subestimam
Me resta a chuva na janela
Com sua simplicidade
Que não cobra nada de nenhum amor
Esvaído pelo vento
Que corre pelos trigais
Outrora dourados
E agora ceifados.
"Uma tarde, sentados nesse lugar, num momento de paz em meio a uma guerra de anos, nos quais tentávamos ficar juntos, mas a vida nos impedia, ela me escreveu este e mais um poema. Nos amávamos loucamente, mas cada um de nós tinha um compromisso a manter. Por isso não posso anotar a autoria com seu nome real, por isso chamo-a Lana Lange."