Zé Couve - Olá pá! Por aqui? Há quanto tempo não te via!
Nelo Só - Olá! Vim trazer aqui a minha sogra ao mercado. Ela agora tem medo de andar de autocarro por causa do vírus. Hoje estou de folga...
Zé Couve - É preciso ter cuidado!... Tá um calor! O tempo nunca mais arrefece! Já 'stou todo queimado de andar na horta!... Escolha, minha senhora! Essa couve está em promoção!...
Nelo Só - É verdade! O tempo está muito quente há bastante tempo e nem sequer se pode sair à noite por causa do vírus! À minha mulher, por exemplo, não faz diferença - só gosta de ver TV - já eu, não aguento estar tanto tempo em casa! Costumava ir sempre ao shopping depois do jantar fumar dois cigarros com alguns amigos, mas agora não posso ir por causa do vírus e por causa do Paulinho.
Zé Couve - Tá doente o teu filho?
Nelo Só - Não! Mas sabes como é! A mãe tem receio que ele adoeça, por isso, não quer que eu saia para lado nenhum. Que raio!
sogra Martelo - Pese-me estas 3 couves, senhor, as cenouras e a fruta. Sabe, têm caído muitos raios! Tem havido muita trovoada e caído raios em muitos lugares. A minha filha não quer que o Nelo saia, porque também tem medo que ele seja atingido por um raio!
Nelo Só - Oh! Dê cá isso minha sogra, que eu levo, é muito pesado!
sogra Martelo - Também estás muito pesado Nelo! Devias emagrecer!... E falar menos! Assim poluias menos a máscara com CO2!
Nelo Só - Ah? Tá, tá bem! Vamos embora depressa, minha sogra, que ainda tenho que comprar tabaco. Xau Zé!
sogra Martelo - Não devias fumar, Nelo! O governo devia proibir de fumar durante a pandemia. Ou, pelo menos, devia obrigar os fumadores a usar máscara especial para fumarem, com um pequeno orifício para colocarem o cigarro, porque o vírus é muito perigoso! Esta é uma boa altura para deixares o cigarro definitivamente! Lembra-te que tens um filho para criar!
Nelo Só - Venha daí, minha sogra, que quero chegar a tempo de ver o noticiário da uma da tarde!
sogra Martelo - Estás sempre com pressa Nelo! E num instante de carro chegamos a casa! Mais depressa do que se eu fosse de autocarro!... Quanto mais rápidos são os automóveis, mais impacientes e apressados são os condutores! Deviamos voltar ao tempo antigo de se andar de carroças e de carros-de-bois nas estradas!... Esta juventude de hoje não dá valor ao bem que tem! Antigamente não havia nada disto!... Mas também não se morria tanto de stress nem havia tantos acidentes na estrada! Há poucas regras para os limites de velocidade!... Tem que se conduzir mais devagar! Quem quiser chegar a tempo, que saia mais cedo do local!
Nelo Só - OK, minha sogra, já chega de sermão!... Sim! Saiamos então daqui cedo! Não pare então de andar para me falar! Despache-se! Já falta pouco para chegarmos ao carro!