Flores nascem
na margem
dos açudes
onde mulheres
sentem mágoas.
(Almas trituradas
ceifam delírios).
Não obstante,
brilha a estrela
guia.
Iluminam-se
folhas secas
nas calçadas
e borboletas
nas janelas.
São tantas
cores no
mormaço!
Amanhece
um poema
nas estrelas.
Contemplo
fadas
adormecidas
nos mãos
de Monet.
"Deus está aqui".
Diz uma voz
ensandecida.
Dia após dia
cantam águias
misteriosas.
O trigal desperta
a poesia esquecida.
O menino
O menino corre
com a alma
aguçada
na tristeza
de um rio.
Retratos
despertam
sentidos.
Olhares
despem
almas.
Pessoas
nos cercam.
Alumiam
caminhos.
...
Rolam pedras
na ribanceira.
Será ironia?
Meu Deus!
Me digam.
Por que
não leem
poesia?
Num barco
de nuvem
uma moça
aparece
no outro lado
do mundo.
Guarda
a sonoridade
da palavra
ternura.
Num dia especial:
Ouvi passarinhos
nas árvores.
Escrevi poemas
concretos
com palavras
oxítonas.
Há sensibilidade?
O verso desperta
na boca adormecida.
Há disputa
entre o ego
e a sina.
Lá fora
rolam
pedras.
Amei os corpos
que eu bem quis.
Agora saio
de alma alada.
Escapam
nos dedos
o verso que
não posso
escrever.
Tenho ânsia
para dizer
muitas coisas.
Um dia
por acaso
fiz rabiscos
abstratos.
Vi nascer uma flor
no mormaço.
Poemas em ondas deslizam nas águas.