E estamos aqui.
Ainda bem que estamos aqui.
Outros tantos mil não estão.
E mesmo assim as ruas continuam cheias.
A pracinha do bairro com seus habituais bêbados...
Todos sem máscaras.
A menina que vende bala na porta do Supermercado ao me ver levanta a máscara.
Coitada. Virei seu fiscal particular.
Sim, eu também estava na rua.
Tenho que fazer compras e pagar contas.
"- Compra pela internet. Pague a conta pela internet." Você dirá.
Infelizmente não.
Sou tradicional e não confio em compras ou pagamentos virtuais.
Arrisco? Sim.
Mas comigo vai ser assim.
Sou teimoso. Sou Taurino... Dizem que Taurinos são teimosos.
Eu sou.
Pois é...
As ruas estão com gente, mas a maioria está usando máscaras.
Alguns usam penduradas na orelha.
Outros no queixo.
Outros tantos só tampam a boca.
A Máscara virou um assessório mágico como um crucifixo ou um amuleto.
Basta usar.
Não importa onde.
No bolso, no queixo, na orelha...
Se está com a máscara está protegido.
Enquanto isso as mortes acumulam.
E tem político virando garoto propaganda de remédio milagroso.
Um comentarista comparou com o “Homem da Cobra”.
Aquele que fica nas praças vendendo raízes e elixires feitos por índios, que curam qualquer coisa.
E tem gente que compra.
Para quê médicos?
Para quê pareceres de cientistas mundiais?
O “Homem da Cobra” sabe tudo.
Está sempre certo.
Pois é...
Se não bastasse o poder mágico das máscaras ainda temos o “Homem da Cobra”.
Mas ainda estamos aqui.
De novo bato na tecla da solidariedade, da empatia, da consciência de que não é estória da carochinha.
A Pandemia é real - MATA!
“Ah, mas e os curados? Você não fala neles.”
Realmente não falo.
Eles não são o problema.
O problema são os mortos e os familiares dos mortos.
O problema são os que ainda vão morrer pela negligência, irresponsabilidade, alienação e desprezo pela vida de muitos que estão saindo atoa para passear ou fazer compras em lojas de roupas de donos irresponsáveis que abrem escondido.
Vai ter gente que não concorda comigo.
É um direito não concordar.
Só não é direito transmitir o vírus.
Espalhar o vírus pela cidade ajudando a aumentar o número de infectados e de mortos.
Desculpa.
Vou continuar falando dos mortos porque eles já não podem falar.
Juízo moçada. Muito Juízo, respeito e solidariedade.
Lembrando sempre que:
O outro somos nós diferentes.
(Proteus).