Poemas : 

inimigo-irmão

 
inimigo-irmão
 



se bebo a quietude
a saciedade não mede
tempo;
no primeiro gole,
ápice ocorre
neste imediato, desperto.
sossego em plenitude,
eis que morte é.

o que vibra vida
deixa instinto em alerta,
aguça coragem
atiça percepção
forja força
ferve sangue
exercita coração

excit' ação









Aquela mania de escrever qualquer coisa que escorrega do pensamento.

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Autor
MarySSantos
 
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Enviado por Tópico
Alpha
Publicado: 05/08/2020 12:16  Atualizado: 05/08/2020 12:16
Membro de honra
Usuário desde: 14/04/2015
Localidade:
Mensagens: 2063
 Re: inimigo-irmão
Numa dúbia deambulação
Onde se adelgam sentidos
Da vida, fazendo equação
Em seus braços impelidos.

Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 07/08/2020 10:23  Atualizado: 07/08/2020 16:53
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 2123
 Re: inimigo-irmão
Duas partes distintas nos apresentas:
Os primeiro oito versos, ou seja, a primeira estrofe é de desejo. Um desejo quase contra-desejo.
Explico, no primeiro o sujeito poético bebe. Há uma sede que leva a que beba. Ou talvez seja apenas uma questão de gula. Ou vício, de licor.
A quietude pode ser muito, muito doce. Relaxante.
A verdade, é que em diversas fases da vida a sede de silêncio é avassaladora, e como é uma forma, por vezes, de paz, nunca se sacia.
Nem a paz, nem a sede de quietude. A palavra quietude, para mim, tem uma incerta beleza...

"...no primeiro gole,
ápice ocorre
neste imediato, desperto..."
A sensação de alívio dada pela quietude é imediata e intensa, assim como o desejo de permanecer.
Descansa em paz, é a última mensagem numa lápide.

Na segunda estrofe, um pouco mais descritiva, reparo que, ao nível formal, foi mais trabalhada.
As aliterações foram repetidas em algumas palavras, dando-lhe sonoridade.
Mas ela fala da vida e além dela, da vivacidade. Essa sonoridade, colocada de modo inteligente, contrasta com a da primeira estrofe.
"aguça-atiça, forja-ferve, exercita-excit-ação"" são, com as rimas em ão, as aliterações que me despertaram a atenção.
Coragem, percepção, força e sangue, tornam o poema vibrante, como aparece no primeiro verso.

O título, também, é um claro oxímoro que entra com tanta facilidade nas nossas vidas, e no quotidiano...

Gostei.
Obrigado
bj