Te olho através da margem, noto seus braços entendidos me solicitarem, não te alcanço.
Emito breves e baixos sons, são os meus sentimentos mais diversos, você sorri. Sabendo da minha limitação em atravessar, você se lança. Observo a água te sobrepor os ombros, a correnteza ficar severamente mais forte e as margens não darem condição alguma de continuar. Você me olha e recua.
Ao pé da outra margem, imagino formas de te alcançar, esquematizo modelos matemáticos, tempo e instrumentos que ajudariam chegar até você, nada funciona. Me entristeço, faço uma prece à correnteza e sento. Escrevo nas mãos sujas a palavra TEM – PO.
Simultaneamente sentamos, olhamos a correnteza novamente, concluímos a limitação: será necessária uma ponte. Eu aponto ao fundo árvores e me afasto da margem, é hora de construir.