O medo não consiste no medo do que temo
A verdade é que ele é uma coisa assustadora a temer
Mas o medo de temer é esmagador e tremo
Sobretudo quando a sua forma é de morrer
O medo parece-se com a perda da sombra de uma árvore num dia de sol
Ou com um mergulho às escuras no fundo do mar
Temo este medo de temer esses medos
Mas é este medo que é soma e parcela de amar
E o medo de amar e ser amado
E o medo de amar e ser deixado
É contrariado pelo medo de não temer algo
O medo é mesmo um vaso vazio, barulhento e privado
Não temo a morte nem temo a vida
Mas temo o medo do conjunto do par
Se pudesse lançar um medo que temo
Seria apenas o medo de temer amar