Somente escuto o timbre abafado
De uma voz carcomida de desejos
Que range em meu íntimo e pelejo
Para afogá-la perante meu passado.
Vejo na vitrine do tempo um espelho
Que reluz em minh’alma abandonado,
Tapeando as horas de um quadrado
Onde adormece um pálido esqueleto.
Ouço o perambular do matutar morto
A recordar a saudade em pleno porto
De uma areia úmida, febril de ressaca!
Sinto uma atmosfera de solidão pétrea
A sufocar-me o corpo por toda a área
Até que, de mim, reste-me só carcaça!
DE Ivan de Oliveira Melo