Cá estou eu,
Deitado sobre almofadas,
Acariciando o pensamento,
Lambendo das vicissitudes
Que somos obrigados
A suportar do quotidiano...
Aqui estou eu,
Opresso pela agonia
Dum dia a dia inescrupuloso
Em que as torrentes maquiavélicas
Se deitam sobre as consciências
Malfadadas e tolhem o bem-estar.
Assim sou eu,
Menestrel das combustões
Que dilaceram o epigrama
Da existência urdida
Pela mentepsicose das paixões
Estéreis dum tempo esdrúxulo.
Destarte sou eu,
O vilão de mim mesmo,
Opúsculo das razões permeáveis
Que desenham no círculo das emoções
O avatar demoníaco das trevas oníricas,
Coadjuvantes da maledicência secular.
Doravante possa eu,
No eclipsar da sobrevivência,
Capturar os diabetes sazonais
Que fazem de mim
Fantoche de deserdadas sensações
Cultivadas sob a égide da loucura.
Data vênia à minha inconsciência
Que não adormece sobre prados brancos,
Mas labuta sonhos ortodoxos
A fim de que nesta anacrônica
Reflexão que faço do meu ego
Seja uma anatômica depressão efêmera!
DE Ivan de Oliveira Melo