Não há um monte sem dois vales
tão pouco apenas pico,
rio sem foz
silêncio sem voz
o horizonte, perto da montanha,
cada ser estranha
haja junto à boca pão.
Não há florestas sem flores
e esta
(e mar sem ar e me.,),
o mais perto de infinito é o longe da planície,
coisa de oceano
e tundra
onde poisa a vista e o olhar e a fome,
à mão de semear.
Por isso, aqui
(trama selvagem todo o aqui),
corre pelo meu sangue tanta cordilheira
com asma de céu.
[a praia é a maior aridez conhecida, já que a água é salobra e na areia só areia cresce. Contudo é o pão do turismo, riqueza e alegria. A excepção é, talvez, o sol, que alimenta tanto quanto queima]
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.