Na caminhada nocturna, as estrelas da saudade são a calçada que piso, percorro as avenidas do meu pensamento, procuro-te em mim, invento o som dos meus passos e sigo os teus, dobro a esquina do teu olhar, vislumbro a fachada da tua essência, e sem bater à porta, entro em ti. Penetro-te a alma num fugaz sorriso, preencho-te do desejo que trago nas mãos, em carícias ousadas que não esperas, ateio-te o fogo que me consome as entranhas, crepito-te ao ouvido, sussurros de loucas fantasias que o devaneio me põe na boca. Sais de ti, entras deliciosamente em mim, incendeio-te, quando os beijos se encontram, e os teus lábios molhados devoraram a luxúria que me invade o rosto, quando me amas. Quando cessa a magia, a lucidez invade a madrugada infinita de prazeres inventados, perco-me no confuso emaranhado de vielas que nos separam, esfuma-se o mapa que tracei até ti, desapareço ao fundo da rua das tuas ilusões, abandono o sonho, mas não te deixo sozinho, ofereço-te todos os momentos vividos, as palavras deitadas ao vento, e o último amanhecer da sombra da minha mão, fazendo-te adeus.